sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O rio Rabaçal

Falar do Rabaçal é despertar em cada um de nós momentos de alegria passados junto ao nosso rio. 

Sim, o NOSSO rio !

Portanto, o Rabaçal não é só nosso embora cada um de nós tenha a impressão que nasce logo por cima da ponte de Vale de Telhas e que acaba na Maravilha, a norte de Mirandela.

O rio Rabaçal nasce em Espanha, na Galiza, a poucos quilómetros da fronteira portuguesa e entra em Portugal no concelho de Vinhais.
Tem por afluente o rio Mente que lhe traz certamente as qualidades que tantas gerações louvaram e nas quais alguns jovens não acreditam.

Antigamente, quando ainda era preciso meio dia a cavalo num burro para ir a Mirandela ver um médico, a boa gente de Vale de Telhas iar curar os seus males ao rio. Logo de manhã, antes de nascer o sol, durante nove dias, lá ia aquele que sofria tomar banho para que o seu mal fosse embora.

E ia !

Ia porque no Rabaçal correm águas minero-medicinais com propriedades terapêuticas sobretudo para o aparelho digestivo.

Não sei se o facto de ir de manhã cedo tinha importância mas a verdade é que os nossos antepassados compreenderam que as águas do Rabaçal tinham algo que não tinham as dos outros rios.

Essas águas vem pois do rio Mente, que ele recupera quando passa na aldeia de Sandim da Lomba, no concelho de Vinhais.

Mas o Rabaçal e o seu afluente merecem um passeio junto ās margens em direcção a Espanha. Por vezes, o rio Mente tem desníveis bastante impressionantes entre o leito e a montanha.

Mas o Rabaçal também é fonte de vida e quem é que nunca encontrou um mexilhão , Margaritifera margaritifera, espécie bastante rara e quase extinta (embora possa viver mais de cem anos), e a maior população desta espécie na Europa se encontre nos rios Rabaçal, Mente e Tuela ?

Sabendo isto, para a próxima vez o mexilhão deve-se deixar descansado no seu meio natural e não serve para nada tirá-lo do rio a não ser contribuir para a sua extinção.

Como falar do Rabaçal sem falar dos « peixes do rio ». Aqueles peixinhos com gosto inegualável em qualquer parte do mundo, batidos pelas fragas e que infelizmente por vezes são mortos a tiro de dinamite, o que eu considero um crime. Pescar sim mas ser também capaz de ter uma gestão responsável da fauna para evitar de ter de se fazer como se fez com as trutas que foram lançadas para repovoar o rio.

O Rabaçal evoca sempre para todos nós nomes como Porto de Quintas, Azenha do Ti Mário ou a Ponte, tendo ficado esta mais na moda estes últimos anos, por ter accesso mais fácil de automóvel mas também pela presença do bar restaurante Rabaçal. Mas aqueles que querem passar um dia tranquilo, esses preferem os outros dois lugares. Ai está-se em família, com os amigos, pelo menos só com as pessoas da terra.

Os jovens (e por vezes menos jovens) também são atraídos pelo rio para organizarem as noites de aniversário ou as raves que começam a ser conhecidas pelo país fora.

O Rabaçal é tudo isso, longe da aldeia e próximo ao mesmo tempo, vector de felicidade e de momentos inesquecíveis, onde se vem de tantos países ricos só para gozar o descanso da vista dos amieiros e dos salgueiros. Ē a natureza quase em estado bruto, só violada pelos estúpidos que deitam o lixo em qualque canto. Cada um de nós tem o dever de lhes lembrar que o rio é nosso, de todos, de cada um.

Para terminar, queria também lembrar áqueles que só vêm o rio no verão que o Rabaçal também é selvagem, com as suas cheias e por vezes as suas tragédias. Só quem nunca viu a água a passar quase por cima da ponte é que não pode compreender.

E para todos, para o ano ali estará ele de novo para permitir a cada um de gozar férias, de aprender a nadar, de namorar, de pescar ou simplesmente de olhar para ele como se fosse um espelho em que vemos parte da nossa vida.

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